Assim como escreveu Rumi num dos seus poemas, o funcionamento interno do ser humano é uma selva e a cada instante uma nova espécie surge e se manifesta. Dentro de cada um de nós existe um lugar com naturezas múltiplas e diferentes animais que nos habitam...
E é com esta metáfora que falamos de mente e consciência – sendo a mente o cavalo, e a consciência o cavaleiro. Qual destas duas partes estará no comando?
Este texto é um convite à consciência. É um convite à reflexão. É saber quem manda. Se é a sua mente que é feita de pensamentos, ou a sua consciência que é feita de percepção.
uma mente barulhenta e inquieta
Existem mentes que comandam e estão permanentemente no domínio, o tempo todo a pensar, a pensar e sem parar de pensar. Augusto Cury baptizou este fenómeno de síndrome do pensamento acelerado – esta corrida do cavalo feita do burburinho constante de conversas e dálogo interno – uma mente barulhenta e inquieta, que sofre por antecipação e cria seres humanos hiperpensantes.
Vivemos hoje numa sociedade que promove a hiperconstrução de pensamentos, através do aumento crescente de informações que nos chegam a uma velocidade vertiginosa, pouco elaboradas, sem profundidade, sem reflexão. E que aceleram cada vez mais, a cada ano duplicam-se as informações, e cada um de nós vai-se informando de tanta coisa, e esse cavalo cada vez mais bravo, cada vez mais num galope incessante.
Este mecanismo de pensar excessivamente e de forma descontrolada, empobrece a experiência emocional, impedindo o desenvolvimento da inteligência conectada à emoção.
Daniel Goleman no trabalho que desenvolveu em torno da inteligência emocional, revolucionou o conceito de desenvolvimento humano, com impacto tanto pessoal como profissional. A ideia de que inteligência é a condição de armazenamento de informações, é destituída pela perspectiva de que o que promove seres humanos mais completos e, o que define grandes líderes é a sua capacidade de reconhecer e gerir os seus estados internos, são aqueles que conseguem domar o cavalo dentro de si. Uma mente agitada é uma mente povoada por animais sem controlo.
Uma mente fértil e criativa é uma mente tranquila, flexível e empática
Se a sua mente domina e você não tem percepção sobre ela. É o cavalo que domina! E você, provavelmente, não sabe para onde está a ir. Está sempre ausente porque a mente não pára. Enquanto o cavalo o dominar e não tiver a percepção dessa mente, então estará ausente.
O que distingue o cavalo do cavaleiro, a mente da consciência, é que a consciência é uma “posição” de maior abrangência e percepção expandida, onde o indivíduo é o observador e conhecedor das coisas observadas.
Rumi termina o seu poema dizendo que se quiser "roubar" algo de alguém, que seja daqueles que têm consciência sobre si mesmos. Daqueles que conseguem lidar com a própria natureza e que conseguem apaziguar os seus animais.
A consciência é a percepção dos pensamentos e das emoções que daí são geradas. Quando temos a percepção do que nos povoa, dos animais que habitam em nós, quando podemos tornar-nos observadores da permanente ligação entre corpo, mente e emoções, estamos conscientes – temos o cavaleiro com as rédeas na mão!
~ escrito em colaboração por Joana Sobreiro e Weliton Magela
#mindfullife
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