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AGORA

Existe um ensinamento Vedanta que fala de uma pessoa que olha para um pedaço de corda e vê uma cobra. Nesse momento, ela cria toda uma história em torno da cobra. E é quando ela começa a ver a corda no lugar da cobra que o seu processo de despertar se iniciou.


Assim como a cobra, muitos dos problemas que acreditamos ter, não existem se não nas nossas mentes. Consumimos muitos pensamentos, muita energia e muita vida a resolver questões que não têm outro lugar para além das nossas cabeças. Acreditamos que todos os pensamentos que gravitam nas nossas mentes são nossos, criamos tumultos internos, sofremos por desejarmos coisas diferentes, frustramo-nos por mudarmos de ideias, de vontades, de humor. Tudo isso acontece por não percebermos que nada disso somos nós – o despertar começa no exacto momento em que interrompemos o ciclo da permanente identificação com os nossos pensamentos.


somos muito mais além da mente


O ponto de maior transformação, não é a recusa ou negação desta mente hiperpensante, pois ela é incrivelmente imaginativa e boa contadora de histórias, é nela que residem todos os nossos “eus”, todas as personificações das pessoas com quem nos relacionamos, é nela que se constrói a dualidade, as grandes questões da existência, é ela que organiza e encadeia acontecimentos e é nela que sustentamos o ego. A abertura a um novo patamar de consciência mais ampla ocorre quando não nos esgotamos nesta mente, quando acedemos à percepção de que somos muito mais para além dela, e nesse momento podemos observá-la, sem nos identificarmos, sem nos tornarmos nela. É esse o ponto do despertar, sem passado nem futuro, o encontro com o AGORA.


A identificação com a mente torna-nos prisioneiros do tempo e passamos a viver de memórias e antecipações. Onde estiver, esteja totalmente presente. Acolha o que está a acontecer, o que quer que este momento contenha, aceite sem julgamento e com curiosidade.

O AGORA é a porta de entrada para a dimensão atemporal da consciência. É o momento em que nada foi e nada será, em que não procuramos nenhum outro estado se não aquele em que nos encontramos neste preciso momento.

A verdadeira liberdade ocorre quando percebemos que não somos os nossos pensamentos, nem mesmo o seu pensador, e começamos a observar aquele que pensa a partir de uma mais expandida posição perceptiva. É aqui que começa o despertar do AGORA.

Nesta nova dimensão, percebemos que já somos completos, que acima do pensador existe um ser em plenitude, que há calma acima do ruído mental, que há amor acima da dor – quando percebemos que somos muito mais do que a nossa mente, encontramos a liberdade. Estamos despertos! Acordámos!


~ escrito em colaboração por Joana Sobreiro e Weliton Magela


#mindfullife

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