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9 ATITUDES DO MINDFULNESS

Viver a atenção plena é muito mais do que adoptar um conjunto de práticas e segui-las mecanicamente. Se assim fosse, não poderíamos falar de amplitude de consciência, e seria apenas algo mais para fazer e a juntar ao piloto automático que já controla a maior parte do nosso dia.

Integrar a atenção plena é um processo de mudança interna, que exige uma mente aberta e receptiva a aprender, e estar disponível a que todo o nosso ser se envolva no processo. Não é suficiente pormo-nos em posição de meditação x tempo por dia e esperarmos que algo aconteça.

Viver em maior consciência convida-nos a adoptar uma conjunto de atitudes e qualidades, pois são elas que permitirão que o solo onde lançaremos novas sementes de consciência seja fértil. Cultivar a consciência meditativa requer uma outra forma, totalmente nova de encararmos o nosso processo de aprendizagem. No trabalho de consciência da atenção plena, o principio basilar e fundamental é estarmos dispostos a prestar atenção às coisas como elas se nos apresentam.


Jon Kabat-Zinn no seu livro Full Catastrophe Living distinguiu 7 atitudes ou qualidades que qualquer buscador de maior consciência deve cultivar na sua vida. Posteriormente foram adoptadas mais 2, totalizando 9 principais pilares do Mindfulness que na sua forma não apresentam nenhuma ordem de importância específica, pois não são independentes uns dos outros.

Falamos de um conjunto de compromissos que devem ser aperfeiçoados conscientemente quer nas nossas práticas, quer no dia-a-dia. Ao integrar estas atitudes teremos uma base forte para o desenvolvimento da nossa atenção plena.

Em qualquer curso de mindfulness, as 9 Atitudes são apresentadas, mesmo antes de iniciarmos as práticas, para que estas qualidades possam estar sempre presentes formal ou informalmente em nós. São uma contribuição valiosa para que a nossa consciência se amplie e floresça.


NÃO JULGAMENTO

Desenvolver a capacidade de compreender e observar os acontecimentos sem procurar interpretar ou atribuir-lhes um significado específico, como bom ou mau / melhor ou pior / certo ou errado. É a assunção da atitude interna de testemunha imparcial dos acontecimentos e da nossa própria experiência. Para isso, é importante tornarmos consciente o fluxo permanente de julgamento e reacção às experiências internas e externas. Esta imparcialidade que se procura desenvolver no acto de observar os fenómenos da vida é a habilidade fundamental para nos libertarmos dos nossos automatismos que limitam a nossa percepção.


PACIÊNCIA

Aprender a ser paciente é uma forma de sabedoria. A sabedoria que nos ensina a compreender que as coisas acontecem no seu próprio tempo.

Se abrirmos uma crisálida não respeitando o tempo da borboleta, não teremos oportunidade de observar a sua beleza em voo.

Como diziam os antigos: “a pressa é inimiga da perfeição”, aprender a saber esperar o tempo das coisas e sermos pacientes connosco próprios é um acto de auto-aceitação e auto-respeito.


MENTE DE PRINCIPIANTE

É como chegar ao mundo pela primeira vez. Trata-se da atitude de ver intencionalmente as coisas como se fosse uma estreia, libertos de espectativas, projecções e preconceitos, e permitindo que cada momento ofereça a possibilidade de ser um momento novo.

Permitir-nos experienciar o momento presente como nunca visto antes é o tesouro mais rico da vida. Quantas vezes permitimos que as nossas crenças e experiências passadas nos toldem os pensamentos, impedindo-nos de vermos as coisas como elas realmente são.


CONFIANÇA

Toda a confiança começa por ser auto-confiança. Confiar em mim, no meu corpo, na minha respiração, no que sinto, na minha sabedoria, na minha intuição, na minha própria autoridade, simplesmente confiar em quem sou e no que ainda pode ser-me mostrado.


NÃO RESISTIR

Tudo aquilo a que resistimos tende a permanecer e a exigir-nos um enorme esforço de termos que ser ou fazer algo. Esta atitude convida-nos a não forçar, porque em última análise precisamos aprender a não fazer, a não ter que ser, a não procurar nada em particular na nossa prática. Não há nada para rejeitar, nem manter fora, nem nada tem que acontecer. Permitindo que tudo possa estar no espaço da consciência, sem a necessidade de fazer ou corrigir alguma coisa, chegar a algum lugar ou atingir um determinado estado.


ACEITAR

A atitude de reconhecer activamente que as coisas são como são, mesmo que não se mostrem da forma que gostaríamos que fossem. Aceitação, significa vermos as coisas como elas realmente são a cada momento. Adoptar esta qualidade é a mudança fundamental para sabermos acolher cada acontecimento, cada experiência e, dessa forma, abrir espaço para o novo.


DEIXAR IR

Uma vez mais vou usar um ditado popular: “na vida não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”, mas nós tendemos a querer agarrar o bem e a ver-nos livres do mau. Esta atitude refere-se à nossa capacidade de não nos apegarmos aos acontecimentos.

Ao prestarmos atenção aos nossos fenómenos internos, facilmente nos apercebemos que existem determinados pensamentos, sentimentos, emoções e memórias que não queremos largar, positivas ou negativas. Deixar ir é a sabedoria daquele que sabe que não podemos agarrar o vento entre as mãos, porque tudo é impermanência.


GRATIDÃO

Saber reconhecer e apreciar as coisas mais simples que se nos apresentam a cada momento. Orientar os nossos pensamentos para identificar o bom, o positivo e sermos gratos por isso é uma forma, muito relevante, de criarmos a sensação interna, individual e subjectiva de bem-estar. Há uma relação entre os nossos pensamentos, estados emocionais, neuro-química cerebral, funções endócrinas e funcionamento dos diversos sistemas fisiológicos – o que pensamos afecta tanto o nosso corpo físico como as nossas emoções. Praticar a gratidão permite tornar as nossas estruturas profundas (físicas, psicológicas e emocionais) mais saudáveis e equilibradas. E a gratidão ao momento presente é a chave para uma mudança profunda. Leia mais sobre gratidão aqui.


GENEROSIDADE

É a total capacidade de me entregar à vida e dar, doar, doar-me. Estarmos disponíveis para nos observarmos com curiosidade e sem julgamento, exige que sejamos generosos para connosco mesmo. Cultivar a atitude da generosidade requer que sejamos gentis e bondosos connosco, e nos sintamos merecedores de bênçãos e depois com os outros.


Como pode ver, ao conhecer estar atitudes e ao abrir-se a acolhê-las na sua prática, permitirá, não só, tirar o máximo partido da meditação, mas também cumprem a função de nos lembrar a cada momento porque estamos a fazer uma prática de atenção plena.

Se alguma destas atitudes se mostra mais desafiante para si, então adoptá-la fará uma enorme diferença.


~ por Joana Sobreiro




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