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CICLO DE APRENDIZAGEM

Aprendizagem... a capacidade que mais dota os seres humanos da habilidade para mudar. Mudamos porque aprendemos algo novo. Aprendemos algo novo, porque novos circuitos neuronais são criados.

Aprender desafia-nos, faz-nos crescer, amplia a nossa experiência no mundo e rejuvenesce-nos. Tornamo-nos velhos e obsoletos quando achamos que já sabemos tudo, que nada mais há para “ver”, que o mundo é já um lugar conhecido.


Aceitando nós a premissa de que temos a possibilidade de aprender a vida toda, neste artigo, quero partilhar consigo a compreensão dos 4 níveis da nossa aprendizagem, os 4 estágios do desenvolvimento de competências.

Definindo competência como a capacidade de realizar uma tarefa bem sucedida, ou seja, sabemos que temos uma competência quando, ao fazer uso dela, o resultado produzido vai ao encontro do resultado esperado. Estes quatro níveis, descrevem diferentes estados psicológicos por onde navegamos no caminho da aprendizagem.

Significa isto, que do não saber ao saber, todos nós passamos por 4 fases de processo. Todos nós fazemos uma transição entre a total ausência de uma competência, ao amadorismo, até chegarmos à excelência.


O formador da área da gestão Martin M. Broadwell descreveu, em 1969, o modelo a que deu o nome de “Os 4 níveis do ensino”. Posteriormente, na década de 1970, foi usado e adaptado por Noel Burch na Gordon Training International, com o nome de “Os 4 estágios para aprender qualquer nova habilidade”. Sendo ainda, este modelo citado em The Dynamics of Life Skills Coaching, um livro publicado em 1973 por Paul R. Curtiss e Phillip W. Warren.

Com autoria amplamente atribuída a Abraham Maslow, o que se consegue verificar, é que este modelo não aparece em nenhuma da suas principais obras.


Neste modelo, os quatro estágios sugerem que o indivíduo é, inicialmente, inconsciente do quão pouco sabe, quer isto dizer que não sabe que não sabe, o que se traduz num grau de inconsciência da sua incompetência. Ao tornar-se consciente da sua incompetência, sabendo agora que não sabe e ao procurar, conscientemente, desenvolver uma nova habilidade, esta torna-se uma aprendizagem consciente, onde o indivíduo sabe que sabe. O uso repetido da nova habilidade, permite que se atinja o quarto nível do seu desenvolvimento, onde a sua competência se instalou e opera de forma inconsciente. Chegando ao grau de não saber que sabe.



Ainda antes de nos irmos debruçar, mais especificamente, sobre as características de cada nível, importa referir a importância de, permanentemente, reconhecermos os nossos pontos cegos, sabermos identificar ou sermos ajudados a saber o que não sabemos. Uma das formas de irmos eliminando esses pontos cegos é através do modelo da Janela de Johari, que irei explorar consigo num próximo artigo.


Ao falarmos do processo de aprendizagem, referimo-nos tanto ao processo desencadeado numa só pessoa como, também, ao processo adoptado por um colectivo. Considere estes dois exemplos – alguém, individualmente, poderá querer desenvolver habilidades de liderança ou de oratória, assim como, uma organização poderá querer agilizar os seus procedimentos internos ou melhorar a comunicação nas equipas. Em ambos os casos, seja no particular ou no colectivo, haverá um processo individual de reconhecimento das incompetências, para definir as competências a desenvolver, adquirir as novas competências e repeti-las, até estarem totalmente implementadas.


OS 4 ESTÁGIOS DA COMPETÊNCIA

ESTÁGIO 01 – Incompetência Inconsciente

Neste nível não sabemos que não sabemos, pelo que, podemos defini-lo como um estado de ignorância. Aqui a competência ou habilidade é, totalmente, desconhecida, não lhe sendo dada nenhuma importância ou relevância, pois a pessoa não percebe, nem possui nenhum conhecimento sobre o assunto, assim como, não está ciente da sua falta de proficiência.

O tempo que alguém permanece neste estágio está dependente do seu ímpeto para aprender. Para passar ao próximo nível, o indivíduo precisa reconhecer a própria incompetência e o valor de desenvolver uma nova habilidade.


ESTÁGIO 02 – Incompetência Consciente

Neste nível sabemos que não sabemos, podemos assim, defini-lo como o primeiro nível de consciência, pois aqui o indivíduo já reconhece o potencial de uma nova competência e está ciente de que não a domina. A consciência de que não consegue executar uma tarefa é mobilizadora da procura por saber mais.

É neste estágio que começamos de facto a aprender, em que é reconhecido o valor da nova habilidade, onde esta ganha uma nova dimensão de importância, nasce a curiosidade e o ímpeto para evoluir.

Pode representar um momento de frustração e desistência, se a nova habilidade a ser aprendida estiver a ser percebida como além das capacidades de desenvolvimento do indivíduo. Para ultrapassar a dificuldade, conheça a Teoria da Aprendizagem Social de Bandura – esse artigo pode ser lido aqui.


ESTÁGIO 03 – Competência Consciente

Neste nível experimentamos e praticamos a nova habilidade, sabemos que sabemos. O estágio da competência consciente é, por definição, o momento da verdadeira aprendizagem. O indivíduo já compreende e já sabe fazer algo, mas a sua execução é, totalmente, consciente. Significa isto, que é requerida uma maior concentração, onde o indivíduo precisa dirigir toda a sua energia e atenção para a realização de uma tarefa. O desvio da atenção, poderá resultar em fracasso no uso da nova habilidade.

Neste estágio é exigido esforço ao aprendiz, cujo grau de concentração influencia o resultado obtido. Com a prática e a repetição é possível chegar ao último nível de competência.


ESTÁGIO 04 – Competência Inconsciente

Neste nível fazemos sem perceber. O indivíduo deixou de estar consciente da sua competência e não sabe que sabe. A nova competência foi, totalmente, absorvida e integrada, o que permite libertar o indivíduo para estar atento a outras funções. Neste estágio, a habilidade já não precisa ser pensada para ser executada.

Assim, as novas competências estão dominadas e automatizadas, tornou-se fácil a sua aplicação e podem ser realizadas durante a execução de outra tarefa.



Quando o ciclo de aprendizagem se completa e a nova habilidade chegou ao nível da competência inconsciente, um novo nível torna-se disponível para o indivíduo.

A este nível é dado o nome de mestria – quer isto dizer, que há mestria no domínio de algo quando a habilidade está disponível, não representa dificuldade e tornou-se automática e, apesar disso, o indivíduo é capaz de ensiná-la a outros.

Este “quinto estágio” é na verdade uma sinestesia dos estágios 4 e 3. O indivíduo não sabe que sabe porque já não pensa, nem precisa despender energia consciente e, simultaneamente, sabe que sabe, o que lhe permite traduzir a habilidade em passos e processos para que possa ser explicada e ensinada.


APLIQUE ESTE CICLO NOS

SEUS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM

É importante reconhecer que por mais conhecimentos e habilidades que tenhamos já desenvolvidos, um universo de outros conhecimentos, habilidades, capacidades e competências, permanecem fora da nossa consciência e são-nos desconhecidos. Aprender continuamente, elevando as nossas competência para o próximo nível, dá-nos a possibilidade de descobrir novas áreas de crescimento. Aquilo que ainda não temos na nossa vida, poderá estar, exactamente, naquilo que ainda não sabemos.


Os quatro estágios de competência não são lineares. Qualquer aprendizagem possui uma infinidade de habilidades e competências a serem dominadas. Ao inaugurarmos a aprendizagem de algo novo, descobriremos novos pontos cegos, o que faz parecer que, continuamente, nos movemos para frente e para trás nos diferentes estágios. E é isso mesmo! O crescimento é um acto contínuo de tornar algo consciente e empreender um conjunto de novas práticas, que nos conduzem a novos resultados.

Conhecer esta sistematização do ciclo de aprendizagem não é, meramente, um exercício teórico. Aprender algo novo, pode representar um desafio para qualquer um de nós e estarmos cientes das fases deste processo poderá ajudar-nos a clarificar o caminho.

Em vez de se conformar com a ausência de domínio e proficiência de algo, considere este ciclo. Mapear o seu estágio psicológico actual com este modelo, ajudá-lo-á, em certa medida, a mensurar a sua aprendizagem e a ter pistas para os passos seguintes.

A conquista da excelência é um caminho constante e consistente de aprimoramento de habilidades. O intervalo entre o mestre e o aprendiz define-se pela capacidade do primeiro de, continuamente, aprender, praticar e repetir. É o grau de dedicação que transforma um resultado médio, num resultado extraordinário.


Aqui chegados, faça esta reflexão: Que nova aprendizagem poderia iniciar hoje? Que nova habilidade, ao ser dominada, traria novos resultados para a sua vida? Qual é o seu próximo nível de excelência?


~ por Joana Sobreiro




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