Um dia crescemos e tornamo-nos adultos... Esta afirmação parece óbvia, mas será que o é? Em que momento nos tornamos adultos? Será aos 18 anos, quando passamos a ter número de eleitor ou podemos tirar a carta de condução? Será aos 30 anos, conforme as novas publicações da Academia de Ciências Médicas de Oxford? Será que crescer e ser adulto está ligado a alguma idade específica?
Neste artigo quero partilhar consigo algumas ideias e pensamentos, sobre o que é ser adulto. E antes que me pergunte ao que me refiro quando escrevo “adulto”, considere “adulto” como o estágio de crescimento humano a que acedemos quando assumimos a responsabilidade pelas nossas próprias vidas.
Ao chegarmos a este mundo, recebemos tudo dos nossos pais. Pode não ser o caso de todos os leitores, por isso ao usar “pais” na minha explanação, assuma-os como me estando a referir, também, aos possíveis cuidadores.
São os nossos pais que nos alimentam, cuidam, acarinham, dão atenção, suprem todo o tipo de necessidades, nos direccionam, nos apresentam o mundo, nos colocam limites, entre tantas outras coisas.
Em criança, outras pessoas decidem por nós. Alguém decide o que comemos, o que vestimos, em que escola vamos andar, em que actividades vamos ocupar os tempos livres, para onde vamos nas férias, o que vamos fazer, tudo isto em diferentes graus ao longo do nosso desenvolvimento.
Vivemos durante muito tempo sem termos noção dos mecanismos do trabalho, o que é um salário, os limites do dinheiro, o cumprimento de horários, etc. Deixe-me contar-lhe uma experiência minha. A minha mãe conta que quando eu era pequena, num qualquer momento em que eu quis que ela me comprasse algo e ela me respondeu “não tenho dinheiro para isso”, a minha resposta foi: “se não tens dinheiro, vai levantar ao multibanco”. (risos) É esta a noção, que não temos, quando somos crianças e as coisas nos parecem bem mais simples do que na realidade são, pois tudo apenas surge diante de nós e não suspeitamos sobre o que está envolvido para que surjam, muito menos o que é a responsabilidade. Apenas exigimos aquilo que queremos e, habitualmente, exigimo-lo aos nossos pais.
Enquanto crianças, estamos entregues a alguém que cuida de nós, a alguém que assume a responsabilidade pelo nosso crescimento e desenvolvimento, pela nossa segurança e protecção. Sem eles, muito provavelmente não passaríamos da primeira infância.
Explicito este conjunto de acções, pois é importante que mantenha em mente que o nosso primeiro contacto com a existência é feito tendo este pano de fundo: “alguém que não eu, é responsável por mim”.
É esta a nossa porta de entrada para a vida, todos começamos pela infância e todos se ainda aqui estamos, é porque alguém assegurou as condições para o nosso crescimento. Daí não ser surpreendente, que ao ser este o ambiente que encontramos nos primeiros anos de vida, amadurecer seja per se um acto muito desafiante. Abrir mão da segurança cedida pelos nossos pais e partir para ser, por si mesmo, sendo o sustentador da própria vida, não nos é fácil.
Segundo a visão sistémica, nomeadamente, a de Bert Hellinger nas Constelações Familiares, tornarmo-nos adultos é uma decisão a ser tomada a cada dia, a cada momento, numa acção contínua. É uma decisão! Que ocorre no momento em que olhamos para os nossos pais e sentimos que recebemos o suficiente deles, somos gratos pela vida que nos deram e escolhemos avançar, sendo nós mesmos os responsáveis pelos nossos destinos.
Se crescemos sem nos darmos conta desta dinâmica, não nos tornamos adultos, tonamo-nos crianças grandes, imaturas, que azedaram.
Como estou a usar a palavra “adulto” como metáfora para o ser humano que cresceu, amadureceu e se tornou responsável pela própria vida, permita-me que use uma segunda metáfora para ilustrar o seu contrário. Aquele que cresceu em tamanho, se mantém imaturo e continua a exigir, e a culpar os pais, será a “criança azeda”, a que passou do prazo.
A criança azeda é a pessoa que se abstém de amadurecer e tomar posse da própria vida, cede ao medo e à insegurança de não ter garantias, mas sobretudo, abre mão de um tipo de liberdade que só se encontra na vida adulta. É a pessoa a quem a vida lhe acontece, é a vítima dos infortúnios da vida, é aquela que possui uma justificação e uma desculpa para tudo, é a que culpa o mundo e os outros pelo que lhe falta a si.
Deixe-me fazer-lhe esta provocação... Quantas vezes não nos é mais fácil passar a responsabilidade para os outros? Em quantos momentos culpar outras pessoas ou culpar as circunstâncias, foi a nossa escolha? Tal como a criança que justifica um teste negativo, com a professora que não explicou bem, quantas vezes dissemos que não podíamos ir a um jantar de aniversário, porque o filho estava com uma dor de barriga, quando na verdade não tínhamos nenhuma vontade de ir.
Se quisermos olhar com algum distanciamento, acredito que vamos descobrir que o “mundo dos crescidos” a que chamamos adultos, está cheio de infantilidades.
Será que cada um de nós está preparado para ouvir de um amigo “não vou ao teu jantar, porque não quero”? Ou é-nos mais fácil aceitar “não vou porque tenho um ninho de andorinhas na minha varanda e estou a proteger os ovos”? O porquê de causa alheia é tão mais fácil de aceitar! Quer para aquele que o diz, quer para aquele que o escuta. “Não sou eu, são os ovos das andorinhas...”. “Sou vítima das aves migratórias”.
Vitimização! O lugar da criança azeda...
Se há vítimas no mundo? Certamente que as há. Vítima é a pessoa que sofre numa situação sobre a qual não teve, nem tem escolha. Mas quando me refiro à vitimização da criança azeda, refiro-me à existência de um “lugar de vítima”. O lugar em que muitas pessoas escolhem estar. Para estas pessoas ocupar o lugar de vítima traz-lhes inúmeras vantagens, mesmo que não tenham disso consciência. No limite, nunca nada é culpa delas, esquivando-se de assumir as suas próprias responsabilidades.
Mesmo sabendo que não vimos todos do mesmo background e que, seguramente, que alguns de nós viveram circunstâncias familiares, sociais, económicas e culturais distintas, bem como tivemos oportunidades diferentes, não é disto que estamos a falar, não se pretende colocar cada um de nós em igualdade de circunstâncias externas, porque essa não existe.
O que estou a procurar contextualizar é a noção que encontramos expressada na filosofia existencial de Jean-Paul Sartre, não é sobre o que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós.
As nossas vidas são o resultado de um acúmulo das nossas escolhas e algumas pessoas escolhem o lugar de vítima, por muitas vezes acreditarem não ter condições para mudar a sua vida. Outras vezes escolhem-no, porque uma vítima, tendencialmente, colhe mais atenção, sensibiliza outras pessoas, provocando na criança azeda uma sensação de que é especial e importante.
Como ensinou Bert Hellinger “quem persiste na atitude de vítima, não consegue mudar”. Este lugar despido de auto-responsabilização é, também, vazio de força e poder, capacidade de aprender e transformar as suas circunstâncias.
Segundo Marshall Rosenberg, o criador da Comunicação Não Violenta, negar a própria responsabilidade é um dos tipos de comunicação alienante da vida, pois distorce a nossa percepção levando-nos a ignorar que somos responsáveis pelo que pensamos, sentimos, escolhemos e não escolhemos, e como agimos. Por exemplo, dizer a alguém: “tu fazes-me sentir culpado” é uma forma de comunicação verbal que demonstra a potencia a demissão da responsabilidade pessoal. O lugar de vítima leva a pessoa a culpar o outro pelo que está a sentir. Mas o outro não tem o poder de nos fazer sentir, pensar ou agir de determinada forma.
Para que entenda os princípios implícitos nesta afirmação, sugiro que leia os dois artigos anteriores – Modelo de Comunicação da PNL e Percepção é Projecção.
Não é o outro que me magoa, sou eu que me sinto magoada. Não é o outro que me irrita, sou eu que estou irritada. Esta simples mudança linguística é uma transformação gigantesca na nossa experiência interna.
RESPONSABILIDADE
A responsabilidade na filosofia apresenta-se como um valor ético, em virtude do qual o indivíduo reconhece e assume as consequências da realização ou omissão de um acto.
A ética aristotélica corresponde a um campo de pensamento cuja finalidade é responder à questão de como viver bem, onde a responsabilidade é colocada como um dos cuidados éticos.
Para Aristóteles a responsabilidade de um indivíduo apresenta-se na exacta medida em que este está apto a empreender acções voluntárias e a fazer escolhas. Pois todo o acto voluntário requer uma escolha prévia, quer isto dizer, uma vontade e desejo deliberados, não movidos pelos impulsos e paixões, mas movidos pelo intelecto.
Neste pensamento filosófico, a ética aplica-se aos seres pensantes, racionais, munidos de cognição e inteligência. Onde se excluem, as acções empreendidas por crianças (pelo próprio estado precoce do seu desenvolvimento intelectual) e os animais, por ambos adoptarem comportamentos orientados para a satisfação imediata de impulsos.
Esta teoria da responsabilidade, baseia-se na racionalidade.
No período da Modernidade, Immanuel Kant volta a trazer a noção de escolha como sendo um importante elemento da sua teoria sobre responsabilidade. Considerando que o livre arbítrio dos indivíduos, dota-os da capacidade de fazer escolhas, sem o constrangimento de emoções e impulsos, como no caso da vontade animal.
Para Kant, uma acção para ser considerada ética ou moral, deve ser livre. Para que a acção seja livre, não pode estar reduzida ao uma resposta automática, devendo ter um carácter inteligível. Logo a pessoa adulta é a causa dos seus actos em virtude da sua própria racionalidade.
Responsabilidade diz respeito então, apenas, aos seres racionais, possuidores de razão, sob a qual são capazes de decidir agir.
Já no século XX encontramos outros dois filósofos, Hannah Arendt e Emmanuel Levinas, que também desenvolveram teorias em torno da responsabilidade.
Ao longo da sua obra, Hannah Arendt reforça a ideia da necessidade de os indivíduos assumirem a sua própria responsabilidade, na medida em que ocupam um lugar no mundo e em convivência partilhada com outros indivíduos.
Na sua teoria a condição humana está, intimamente, ligada à obrigação de tomar conta do mundo.
É muito revelador conhecermos o contexto em que viveram Arendt e Levinas. Hannah Arendt foi uma filósofa política alemã de origem judaica e Emmanuel Levinas, um filósofo francês, igualmente de origem judaica. Ambos foram profundamente marcados pelo evento histórico do holocausto e pelo genocídio perpetrado, em particular, pelo nacional-socialismo alemão.
Nas teorias postuladas por ambos, o simples facto de fazermos parte da humanidade, exige à nossa condição humana que assumamos a responsabilidade, inclusive, pelo passado, na medida em que somos responsáveis por não deixar que este se perpetue ou reerga.
Quer isto dizer que nem sempre a responsabilidade é apenas o resultado da própria escolha, manifestando-se muitas vezes no encontro com o outro, com a história, onde nos tornamos potenciais agentes de mudança no presente.
Responsabilidade apresenta-se então como a capacidade de se apropriar dos acontecimentos, assumindo o potencial de mudar o que pode ser mudado, sendo esta um dos traços característicos da condição humana, pelo menos na sua fase adulta.
Esta responsabilidade relaciona-se directamente com a liberdade e, por tanto, com a possibilidade de fazer escolhas éticas, levando cada indivíduo a assumir de forma consciente a autoria do seu agir em todas as suas consequências.
Por sua vez, responsabilidade e liberdade, apoiam-se na racionalidade da pessoa humana que é, concomitantemente, racional, livre e responsável.
Significa isto, que a criança azeda que se nega a assumir a responsabilidade pela própria vida, culpa os pais e o mundo pelas suas agruras, e escolhe ocupar o lugar de vítima, exigindo aos pais, cuja figura é muitas vezes extrapolada para os governantes, para os pares, para a comunidade, de forma a que estes supram as suas necessidades e lhes resolvam os problemas da vida. Mas, ao ser racional, mesmo que o negue, é inerentemente responsável pelas suas escolhas.
Amadurecer significa assumir a responsabilidade pela própria vida.
– Fritz Perls –
O SEGUNDO PRINCÍPIO
Fiz todo este enquadramento inicial para chegarmos ao segundo princípio da programação neurolinguística.
Como tive oportunidade de lhe apresentar anteriormente, o primeiro princípio é o da Percepção é Projecção, que nos leva, inevitavelmente, ao princípio da Causa-Efeito.
A PNL convida-nos a questionarmo-nos sobre como nos temos posicionado, a maior parte do tempo, nas nossas vidas, se do lado da causa, se do lado do efeito. Ou seja, se assumimos a responsabilidade sobre os nossos resultados ou se fazemos uso de uma diversa e larga panóplia de justificações para não termos resultados. E é provável que descubramos que passamos um bom tempo do lado do efeito.
Pois saiba que não há nenhum problema com isso, trata-se apenas de uma questão de escolha. A escolha entre termos resultados ou termos desculpas para não termos resultados.
O lado do efeito, é o mesmo lado da criança azeda, onde usamos todo o tipo de razões, justificações e desculpas: “Não consigo fazer isto por causa do tempo, da minha família, do lugar onde nasci, da minha educação, do estado da economia, do governo, das alterações climáticas, dos meus vizinhos, dos buracos na estrada...”; “Isso não é para mim porque sou alto, por que sou baixo, porque sou gordo, porque sou magro, porque tenho imenso cabelo, porque sou careca, porque tenho os dentes tortos, porque quando sorrio fecho os olhos, porque tenho joanetes...”; “Não vou poder por causa do meu marido, da minha mulher, dos meus filhos, da minha mãe, do meu pai, dos meus primos, dos meus tios, do meu cão, do meu gato, do meu periquito, do meu peixinho dourado, do meu tetravô...” Porque, porque, porque... Está cansado? Também eu!
Mas é exactamente isto que fazemos, inúmeras vezes, nas nossas diferentes dinâmicas e desafios diários. Umas vezes fazemo-lo com a convicção de quem acredita não ter alternativa, em outros momentos, sabemos que estamos a dar uma desculpa esfarrapada para o infantil conforto de todos. E algumas desculpas são bastante plausíveis, assegurando a manutenção do nosso lugar do efeito. “As coisas acontecem-me”. Algumas pessoas têm óptimas razões para não serem bem sucedidas.
O que este princípio propõe é que aprendamos a assumir a passagem para o lado da causa desta equação. O lado da causa é um lugar de poder, é o espaço onde nos damos a permissão para sermos os agentes que produzem os seus próprios resultados. Podemos ser o adulto que toma para si a sua própria vida.
Repare! Quando estamos do lado da causa, o que temos é resultados e isto não significa que estejamos a ter os resultados que desejamos. Uns resultados podem ser os que quero e outros os que não quero. Se me deparo com uma vida que não gosto e não quero, vitimizar-me afundada no efeito não provoca nenhuma mudança. É do lado da causa, que ao me ver diante de resultados insatisfatórios posso assumir a responsabilidade por eles, ao fazê-lo aproprio-me do poder para mudar.
Isto pode parecer uma nuance, mas faz toda a diferença. Na causa temos resultados, logo estamos no nosso locus de controlo interno.
LOCUS DE CONTROLO
Este conceito da psicologia foi desenvolvido pelo norte-americano Julian Rotter, na sua Teoria da Aprendizagem Social, onde este define a personalidade de um indivíduo através do comportamento apresentado na interacção com o ambiente. A esta característica da personalidade, Rotter deu o nome de Locus de Controlo, dividindo-o em dois tipos: Locus de Controlo Interno e Locus de Controlo Externo.
A sua prática clínica contribuiu para que percebesse que algumas pessoas acreditam que as coisas que lhes acontecem são governadas por forças externas, enquanto que para outras, os factores são internos e estão dependentes, em grande parte, dos seus próprios esforços e habilidades.
Usamos então Locus de Controlo para nos referirmos à percepção que um indivíduo tem sobre as causas do que lhe acontece na vida, ou seja, em que medida se considera responsável pela origem do seu comportamento. Trata-se de um conjunto de implicações psicológicas relativas ao ponto de vista que cada indivíduo adopta na sua interacção com o meio.
No Locus de Controlo Interno a pessoa atribui o seu sucesso à suas próprias habilidades e esforços. Ao ver-se diante de uma circunstância adversa, reage e age com firmeza e tranquilidade, pois sente-se o protagonista da sua vida, procurando sempre criar estratégias para viver melhor e acredita que os resultados produzidos são fruto da sua própria responsabilidade, quer goste, quer não goste deles.
Nas palavra de Rotter: “Se a pessoa percebe que o evento depende do seu comportamento ou das suas próprias características relativamente permanentes, diz-se que esta é uma crença no controlo interno.”
Pessoas com controlo interno:
São mais propensas a assumir a responsabilidade pelas suas acções, omissões, decisões e escolhas;
Tendem a ser menos influenciadas pela opinião de outras pessoas;
Têm um forte senso de auto-eficácia;
Tendem a aplicar-se e a esforçar-se para alcançar o que querem:
Sentem-se confiantes diante de desafios.
Já a pessoa com um Locus de Controlo Externo, acredita que o seu sucesso está nas mãos do destino, da sorte ou das acções de outras pessoas. São as pessoas que dizem “o que tiver de ser, será”, levando-a muitas vezes a culpar outros e as circunstâncias da vida ao não conseguir realizar o que quer para si, como se a própria não fosse capaz de mudar a situação. “Quando um reforço é percebido como decorrente de alguma acção pessoal, mas não sendo inteiramente contingente a ela, é tipicamente percebido, na nossa cultura, como resultado da sorte (…), e neste sentido, já foi dito que é uma crença no controlo externo”.
Pessoas com controlo externo:
Culpam forças externas pelas suas circunstâncias;
Entendem o sucesso como fruto da sorte;
Não acreditam que podem mudar a sua situação através dos seus próprios esforços;
Frequentemente sentem-se impotentes e inúteis diante de desafios e situações difíceis;
Tendem a ver os seus próprios objectivos não como algo que irão alcançar, mas como tendo a esperança que eles se concretizem.
No âmbito dos estudos, os alunos que apresentam uma predominância de Controlo Interno, desenvolvem uma maior auto-estima, sentimentos de auto-aceitação, respeito e amor por si próprios, e manifestam expectativas optimistas em relação aos seus futuros. Ao contrário dos alunos, predominantemente, de Controlo Externo, que irão atribuir os seus sucessos ao destino e à sorte, sendo difícil para eles acreditar que o sucesso depende directamente de si e das suas escolhas, e acções num determinado momento, levando-os à perspectiva de que não vale a pena planear o futuro.
Como podemos ver, a expectativa de auto-eficácia, que se traduz no grau em que alguém se percebe como competente para atingir os seus objectivos, está intimamente ligada à noção de interioridade. Isto ocorre porque as atribuições provenientes do interior, contribuem, mais do que qualquer outra, para aumentar a auto-estima. O que não significa que a exterioridade resulte numa fraca auto-estima, uma vez que as pessoas com controlo externo tendem a não se sentir responsáveis por não conseguirem o que desejam.
Como acredito que ficou claro, quando falamos em estar do lado da causa, referimo-nos à interiorização do seu locus de controlo e, evidentemente, o efeito é fruto da exteriorização do locus de controlo.
ESTAR NA CAUSA
A PNL num dos seus pressupostos diz-nos que “sou responsável pela minha mente, logo pelos meus resultados” e é por esta razão, que somos convidados a colocar a nossa atenção mais no “como”, do que no “porquê”.
Então quando dizemos “não consigo concentrar-me neste projecto, porque estou a atravessar uma fase difícil na minha vida”, o porquê aqui presente, culpa a “vida” pela dificuldade de concentração. Seria mais útil perguntarmo-nos: “Apesar desta difícil fase da vida, como posso concentrar-me neste projecto?”, neste caso a culpa perde o lugar para a responsabilidade de fazer o que for possível.
Sempre que nos afastamos da causa, negamos aprendizagem, pois a causa quando é assumida, traz com ela aprendizagens. E para a PNL aprendizagens são recursos!
Um outro pressuposto da PNL diz que “não existem pessoas sem recursos, existem pessoas com mapas mentais sem recursos”, pois bem, o mapa do efeito é vazio de recursos porque é vazio de responsabilidade, que nos demite da possibilidade de aprender com os nossos resultados.
Estar na causa, amplia o nosso mapa e nele encontramos mais recursos para lidar com o que estiver a acontecer, recursos esses que podem ser utilizados agora e no futuro, independentemente do que tenha ocorrido no passado.
Quero então sublinhar isto que acabo de escrever. Tenha presente que sempre que empurramos a causa para fora de nós, abrimos mão das aprendizagens e não podemos escolher um resultado diferente.
Ser adulto é estar na causa da vida, é saber que a vida não nos acontece, pois a vida acontece através de nós, é estar convicto de que “eu posso fazer a diferença, eu posso fazer as coisas acontecerem, eu sou responsável pelo que sinto e por onde estou” e se algum dia Richard Bandler nos perguntar: “Quem está a conduzir o autocarro?”, podemos responder: “sou eu”!
Bem vindo ao mundo dos adultos :)
~ por Joana Sobreiro
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