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COACHING

É meu desejo que ao ler o título deste artigo o faça sem se rir...

Escrevo estas primeiras palavras com sincero pesar, por me ver diante de uma profissão que já é, ou corre o risco de se tornar uma piada.

Há poucos dias pude ler num comentário a uma notícia da comunicação social “para cada ‘coache’ um idiote”. Pois bem... como diria a minha avó “quem não sente, não é filho de boa gente” e sendo eu uma profissional desta área, cumpre-me a responsabilidade de contribuir para uma melhor informação para todos.

É minha intenção neste artigo, sistematizar um conjunto de informação que procure esclarecer o que é o coaching enquanto actividade profissional, quais os limites da sua acção, os potenciais benefícios que apresenta, definir papeis, enquadrar histórico e esclarecer abordagens.


Se me conhece porque já foi meu aluno, meu cliente ou porque, habitualmente, lê os meus artigos, provavelmente, saberá que o meu trabalho está alicerçado, essencialmente, na programação neurolinguística, pois sendo esta “o estudo da estrutura da experiência subjectiva dos seres humanos” é, para mim, a mais efectiva, eficiente e transformadora abordagem ao desenvolvimento humano. Posto isto, importa referir que a “sirvo” dentro de uma “taça” metodológica chamada coaching.

Assim neste artigo, procurarei debruçar-me e dar atenção à “taça”, visto que para a PNL tenho inúmeras outras coisas escritas e é sobretudo sobre ela, que procurarei continuar a escrever em artigos futuros.


Como pôde ler acima, coaching é uma metodologia e acrescento, é um processo que se estabelece através de uma parceria entre um profissional de coaching e o seu cliente, num acompanhamento criativo e instigante que procura inspirar o segundo a maximizar o seu potencial pessoal e profissional. Significa isto, que não se trata de uma ferramenta, de uma fórmula ou de uma receita.


Para que possamos clarificar estas primeiras definições, temos então um método que pelas suas características lhe é dado o nome de coaching e neste encontramos, pelo menos, dois agentes – o coach, o profissional dotado de competências para a condução deste processo e o coachee, o cliente, a pessoa que vivencia o próprio processo.

Pessoalmente, uso uma metáfora para descrever estes elementos, inclusivamente para descrever aquilo que faço. O coaching é o parto, o coach o parteiro e o coachee a pessoa que dará à luz algo novo. Ainda fazendo uso da metáfora, significa isto, que o cliente é o portador da semente, já vem “grávido” para o processo em que o profissional terá o papel de facilitar o trabalho e ajudar a que a “criança” chegue ao mundo inteira. Mais à frente acredito que esta analogia que lhe apresento, fará muito mais sentido.

Gosto especialmente desta ideia de parto-parteiro-parturiente, que até poderia ser minha, mas não é. É inspirada no antigo filósofo grego Sócrates e será por aqui que escolho começar a história.



A MAIÊUTICA SOCRÁTICA


Um jogo dialéctico, normalmente descrito como a arte de conduzir alguém a produzir o seu próprio conhecimento através de perguntas, onde o “perguntador” nada acrescenta a este conhecimento. A maiêutica pode ser traduzida como obstetrícia ou a arte de realizar partos.

Segundo o que nos é dado saber sobre a história de Sócrates, este era filho de uma parteira e na sua filosofia dizia que também ele, à semelhança da sua mãe, realizava partos, não de bebés, mas de ideias.

Foi na sua juventude que ao visitar o Oráculo de Delfos, no templo dedicado a Apolo, em Atenas, Sócrates pode ler a inscrição na entrada do templo: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o mundo e os deuses”, passando este a ser o lema por si adoptado por toda a sua vida.

A arte da maiêutica no método filosófico de Sócrates, desenvolveu-se e manifestou-se através do questionamento que provoca respostas que inauguram novas perguntas, que procuram outras respostas e assim sucessivamente. Um método de sucessivas perguntas que procuram a essência das coisas, na intenção de que ao procurar sempre novas respostas em cima de respostas anteriores, os seus interlocutores produzissem o seu próprio conhecimento e pudessem aproximar-se, cada vez mais, da verdade.

Para Sócrates o conhecimento filosófico não era detido por si, acreditando que em si apenas existia a habilidade de extrair esse conhecimento das outras pessoas.


Neste momento poderá estar a perguntar-se “então é daqui que vem o coaching?”. A resposta é sim, mas não só. Somos herdeiros da dialéctica pré-socrática, da maiêutica socrática e da dialéctica de Platão, bebemos delas influência, mas não somos uma transposição directa, fiel, nem exclusiva destas antigas filosofias para a actual pós-modernidade.

Desta forma, importa explorarmos outras influências sobretudo no que se refere ao papel do profissional de hoje e menos à metodologia por si aplicada, visto esta última se manter mais próxima destes princípios filosóficos.



A ORIGEM DO TERMO COACHING


A palavra inglesa coach, surge entre os séculos XV e XVI como uma derivação da palavra húngara kocsi, que por sua vez resultou do nome de uma pequena cidade da Hungria (Kocs). Neste período, em Kocs, eram construídos coches e carruagens puxadas por cavalos que viajavam entre Viena e Budapeste.

Pelo conforto reconhecido a estes coches, rapidamente os kocsi szeker (as carruagens de Kocs) se tornaram muito requisitadas por toda a Europa e o seu nome foi sofrendo as devidas adaptações aos diversos idiomas, mantendo a noção da sua função – transportar pessoas de um lugar para o outro.

Já no final do século XVIII, as corridas de cavalos em coche conduzidas por um coachman, tornaram-se um famoso desporto de elite em Inglaterra, ao qual se deu o nome de coaching.

Posteriormente no século XIX, alunos universitários ingleses adoptaram a gíria coach para designar os seus tutores, visto estes serem pessoas interessadas no progresso dos estudantes, guiando-os ao longo das suas aprendizagens. Ainda neste período era também comum os filhos de famílias abastadas serem acompanhados nas suas viagens por tutores. Sendo o tutor alguém que acompanhava o aprendiz nos seus estudos, não puxando nem empurrado a carruagem, mas sentando-se do seu lado.

Actualmente, encontramos também o uso da palavra coach no mundo do desporto, para identificar o treinador ou o preparador técnico. Este cruzamento produziu algumas nuances que poderão estar na origem de alguns equívocos actuais no que toca ao papel de um coach profissional. De qualquer forma, é inevitável e incontornável incluirmos aqui estas definições.



O JOGO INTERNO


1974 foi o ano em que Timothy Gallwey lançou o seu livro “The Inner Game of Tennis” (O Jogo Interior do Ténis) e nenhuma exploração sobre o tema coaching poderá estar completa se não incluirmos este trabalho sobre o jogo interno dos indivíduos.

Neste seu trabalho Gallwey sugeriu que os maiores obstáculos à realização e ao sucesso dos indivíduos residiam não em factores externos, mas nos elementos internos e relativos a cada pessoa.

No desporto, o “jogo externo” envolve os aspectos relacionados à prática e ao uso dos equipamentos como por exemplo os ténis, a raquete, os skis, a bola, o bastão, o taco, a luva, etc., a factores ambientais como as condições meteorológicas e a situação do campo, ou ao desempenho de outros como o nível de perícia do adversário ou a actuação do árbitro, entre tantas outras causas externas que poderíamos considerar.

Na sua explicação Gallwey reconhece que o “Jogo Externo” de qualquer actividade refere-se aos aspectos comportamentais e ambientais exteriores, isto é, àquilo que se encontra fora de nós e que, em grande parte das vezes, sobre o qual não possuímos nenhum controlo.


“Sou o meu pior inimigo. Normalmente, sou eu que me derroto a mim mesmo”. Nesta afirmação de Timothy Gallwey encontramos a grande revelação do seu trabalho. Não é o “externo” que define os resultados do “jogo”, a diferença que faz a diferença é o “jogo” que jogamos internamente.

Assim, o "Jogo Interno" resulta da nossa abordagem mental e emocional ao que estamos a fazer. Ou seja, o que está a acontecer cá dentro. Isto inclui a nossa atitude interna, a fé em nós mesmos, a nossa habilidade de nos concentrarmos efectivamente, lidarmos com erros e pressão, mantermos o foco e assim por diante.

O sucesso em qualquer área de actuação envolve usarmos a mente em conjunto com o corpo e prepararmo-nos mental e emocionalmente para um bom desempenho.

Estas noções resultaram na equação do Jogo Interno, que define o grau de desempenho como sendo o resultado do potencial, menos a interferência (D=p-i). Significa isto que a melhoria da performance ou desempenho (D) dá-se aumentado o potencial (p) e diminuindo a interferência (i).


Aqui chegados importa referir que com esta última contribuição para aquilo que é hoje o coaching, este ficou fortemente vinculado a questões de desempenho. Isto é relevante, pois estamos a falar de elementos comportamentais. Logo saímos apenas das ideias de Sócrates e chegámos a uma dimensão mais concreta, tangível e mensurável traduzida em acções.



DESEMPENHO


Entre a filosofia, os meios de transporte e o desporto, o coaching chega ao local de trabalho. Ao consolidar-se nas questões de melhoria de desempenho, facilmente as organizações o importaram para o acompanhamento dos seus colaboradores.

No início dos anos 1980, Sir John Whitmore foi pioneiro ao levar o coaching para as empresas e para o contexto dos negócios, tendo-o cunhado como Coaching for Performance.

O coaching para desempenho nasce do encontro e da colaboração de John Whitmore e Timothy Gallwey, ao desafiarem a instrução tradicional do desporto, afirmando que o papel de um treinador era ajudar um jogador a minimizar ou dirimir os seus obstáculos internos, que impedem um melhor desempenho, estando o restante liberto da contribuição técnica do treinador.


Sei que ainda não lhe apresentei uma definição de coaching, pois ainda estou a construí-la nesta explanação e, por essa razão, não deveria colocar nenhum cometário meu nesta fase, mas não resisto...

Este encontro do desporto com o coaching é, provavelmente, um dos motivos que faz com que ainda hoje, alguns coaches se baralhem na sua função e andem a instruir e a treinar clientes. Para estes casos, sugiro de voltem a ler os parágrafos anteriores.


Nas palavras de Sir John Whitmore “para tirar o melhor das pessoas, temos que acreditar que o melhor está lá dentro”, “o coaching consiste em libertar o potencial de uma pessoa para incrementar ao máximo o seu desempenho. Consiste em ajudá-la a aprender em vez de a ensinar”, pois os “coachees são como bolotas, têm dentro de si o potencial necessário para se tornarem magníficos carvalhos; o nosso trabalho como coach é incitar ao seu desenvolvimento”.


Presentemente, encontramos variações de coaching como coaching executivo, de negócios, de carreira, de equipa, pessoal e de vida, sendo estes, todos derivações ou especificações construídas com base nos princípios do coaching de desempenho. Bom... actualmente encontramos mais derivações, mas nem sequer as menciono, pois algumas derivaram tanto que se tornaram outra coisa qualquer.



O QUE É COACHING?


Coaching é o processo da travessia, o caminho que se empreende entre onde estou e onde quero estar. Ou como muitas vezes também se apresenta, é a metodologia facilitadora que nos ajuda a ir do ponto A ao ponto B, do meu estado actual (A) para o meu estado desejado (B).

Trata-se de uma parceira colaborativa entre coach e coachee, que visa que o segundo encontre as suas próprias respostas, por si mesmo. Repito, por si mesmo, pois é muito mais provável que as pessoas se envolvam e comprometam com soluções que as próprias criaram. Ou como ouvi de Stephen Gilligan numa das formações que fiz com ele, há uma predisposição consciente para aceitarmos sugestões alheias, que tendem a não ser implementadas pelo inconsciente.

É um processo de auto-conhecimento, auto-revelação, reflexão, ampliação de consciência, auto-aprendizagem, definição de objectivos, foco, manifestação, compromisso, planeamento e acção do coachee. Ajudando-o a mudar o que deseja que seja mudado, para que possa ir na direcção que o próprio quer e escolhe.


Os pilares fundamentais deste processo são o aumento da consciência e da responsabilidade individuais, para libertar potencial e maximizar o desempenho, e consequentemente melhorar os resultados produzidos em qualquer área ou contexto da vida, com foco nos pontos fortes e possibilidades futuras, removendo impedimentos internos surgidos num qualquer momento do percurso de vida.

Simplificando, é um processo que visa melhorar o desempenho, que se concentra no aqui e agora, e orientado para realizações futuras.


Ao procurarmos definir o que é coaching, é importante identificarmos os seus limites e fronteiras ao compararmos com o que este não é. Sobretudo, quando é necessário separar o coaching de outras actividades que procuram ensinar, treinar, orientar e aconselhar.


não é MENTORIA

Um mentor é alguém com mais experiência do que o seu cliente, quer isto dizer, é alguém sénior, com mais tempo e mais conhecimento, que partilha a sua experiência com um colega.

A procura por mentoria dá-se pelo reconhecimento da expertise do mentor que é um especialista sobre o tema que o mentorado quer trabalhar.

Encontramos algumas semelhanças entre o mentoring e o coaching, pois reconhece-se que um mentor é um guia que ajuda alguém a aprender e a desenvolver-se mais rapidamente do que o que faria se estivesse sozinho. E é comum encontrarmos coaches que também são mentores, eu própria faço mentoria. A diferença é que como coach eu não sou especialista sobre as temáticas dos meus clientes, mas como mentora cinjo-me às minhas áreas de conhecimento e os meus clientes são igualmente coaches ou trainers.

Uma mentoria concentra-se no desenvolvimento da carreira do cliente, onde o mentor opera como um patrocinador com grande experiência profissional na área de trabalho do seu cliente.


não é ACONSELHAMENTO

O counseling ou aconselhamento é um tipo de intervenção desenvolvida pelo psicólogo Carl Rogers na sua Abordagem Centrada na Pessoa, que apesar de encontrar algumas semelhanças com o coaching, está mais próximo de uma abordagem terapêutica.

Apesar de se tratar de aconselhamento, não estamos a falar dos conselhos que damos aos amigos no café, pois o counselor tal como o coach acredita na responsabilidade do indivíduo para operar as suas mudanças, mas neste caso são-lhe apresentadas possibilidades, opções e caminhos para que o cliente ultrapasse os seus obstáculos mais rapidamente. O foco está em resolver o ou os problemas do cliente, que procurou este profissional para receber dele orientação.


não é TERAPIA

Na terapia procura-se o alívio de sintomas físicos e psicológicos, onde o cliente quer aliviar uma dor ou curar algo. Especificamente na psicoterapia, lida-se com questões de saúde mental do cliente, já o coaching lida com o crescimento mental.

Quando alguém procura um counselor ou um terapeuta, procura ajuda para aliviar o seu desconforto, quer resolver um problema, fugir da dor, em vez de se mover em direcção aos objectivos que deseja. A terapia é correctiva, o coaching é generativo.


não é ENSINO, FORMAÇÃO ou TREINO

Um professor, formador ou treinador são, por definição, especialistas e apresentam-se como detentores de conhecimento e habilidades que irão ser passadas aos seus alunos ou formandos. Mesmo que estejamos perante profissionais que usem técnicas activas e participativas de aprendizagem, há um desequilíbrio de conhecimento, e é desejável que assim seja, em que o professor, formador ou treinador, como especialista, tem a resposta certa.

O que é, absolutamente, o contrário do coaching, em que o especialista é o cliente, pois é ele o detentor das respostas e não o coach.


não é CONSULTORIA

Um consultor resolve problemas, desenvolve planos, implementa acções e fornece experiência. Habitualmente a consultoria ocorre em ambiente organizacional, cuidando do negócio como um todo, ou dedicando-se a partes da sua actividade, sem necessariamente envolver as pessoas da organização, pois o foco é mais nos seus sistemas, afectando apenas indirectamente as pessoas.



A PESSOA DO COACH


Para que possamos estar dentro de um processo de coaching, o coach acredita e opera no pressuposto de que cada indivíduo tem as respostas para as suas próprias questões dentro de si.

O coach não é um especialista no assunto do cliente. Uma vez mais vou repetir porque é mesmo importante que se sublinhe este ponto. O coach não é um especialista no assunto do cliente, o coach é um especialista de coaching, é um perguntador, é um curioso, um escutador, é um crente de que o seu cliente é portador de todas as sementes do seu potencial, que nele existem as respostas. O coach é um especialista e um facilitador da auto-aprendizagem dos seus clientes.

A pessoa do coach é um portador de um conjunto de atitudes internas que dão forma à sua acção (se lhe fizer sentido leia o artigo Coach Atitudelink) em sinergia com formação profissional que o habilita a ser um profissional.


O coaching enquanto a arte de facilitar o desenvolvimento do potencial humano, ganha vida na mão de profissionais que acreditam que somos responsáveis por construir novos resultados para as nossas vidas, que podemos crescer, mudar e desenvolver-nos, que o que ainda há para viver pode ser diferente do que já foi vivido, que o futuro não é igual ao passado.

O coach convida os seus clientes a olharem para si e para a sua vida, sabendo que não importa o que aconteceu, o que foi ou não foi conseguido, o que se fez ou deixou de se fazer, pois estamos sempre aptos a tomar novas decisões e estas podem ser tomadas agora.

Que todo o processo de mudança é uma aprendizagem constante e que tudo nos está a ensinar algo e a revelar potencial em nós, pois cada um de nós tem todos os recursos que precisa para produzir os resultados que quer.


Há ainda uma outra crença fundamental em cada coach: o coachee não tem problemas, tem soluções que ainda não foram encontradas, daí procurar que o cliente se foque no que quer em detrimento do que não quer. E que a mudança só é efectiva, quando agimos, o que torna o coach um buscador de evidências sensoriais de mudança, quer isto dizer, incentiva o coachee a expressar objectiva e concretamente fora, as mudanças que sentiu no seu jogo interno.



REGRAS DE OURO DO COACHING


Como vimos até agora, o coaching é um processo de aprendizagem e desenvolvimento humano, um método evolutivo de reflexão-acção, orientado para objectivos que visa acompanhar a passagem do estado actual dos seus clientes, para o seu estado desejado, alicerçado nas suas próprias competências e durante o qual estes implementam as suas próprias soluções. Trata-se de um processo de gestão de mudança acompanhado por um especialista dotado de conhecimento e ferramentas que eliminam impedimentos e alavancam potencial. Apoiado numa outra premissa de que a mudança é possível, pois as pessoas têm a capacidade de se auto-superarem se assim o quiserem. A responsabilidade que acarreta o querer, abre portas para que se encontrem novas respostas e com elas, novas soluções.

Volto a frisar estes elementos, pois quando se responde à questão de “coaching é para quem?”, dizendo que é para todos, é verdade, mas a resposta está incompleta.

Coaching é um processo activo, de compromisso do cliente que opera a sua própria mudança, logo é para todos aqueles que estão dispostos a encontrar-se com o seu potencial em lugar de receber soluções provenientes de outros ou fórmulas de sucesso. É para pessoas que assumem a responsabilidade e se colocam na causa (para que melhor compreenda o que isto significa sugiro que leia o artigo sobre Causa-Efeitolink), pois sem o cliente na causa, não há processo de coaching.


O coach é um profissional credenciado, com formação adequada para o acompanhamento dos processos de mudança dos seus clientes, que durante o processo são instigados a tomar consciência do seu ponto de partida e a definir o que desejam para o futuro, identificar alternativas, avaliar possibilidades, criar soluções, ponderar opções e implementar acções com vista à concretização desse futuro.


Estamos perante uma actividade profissional séria em que o coach, devidamente certificado, recebeu formação específica e aceitou o cumprimento de um código de ética e deontológico da profissão.

Uma vez mais introduzo uma nota pessoal, que acredito ser relevante... – é comum encontrarmos formação em coaching com uma argumentação comercial de que está a fazer um óptimo investimento num negócio. Perdoem-me se firo alguma susceptibilidade, mas coaching é uma profissão, não é um negócio. Um coach poderá sim, criar o seu negócio e oferecer (vendendo) processos de coaching ao mercado, mas não é para isso que se compra uma formação.

A formação forma o profissional para habilitá-lo num conjunto de competências, que após terminar a formação, se torna apto a começar a aprender uma profissão (faço-lhe uma nova sugestão de leitura, Ciclo de Aprendizagemlink). Significa isto que um coach profissional, não é apenas um possuidor de 1 ou meia dúzia de certificados, é um indivíduo que se formou e pela prática saiu do amadorismo de um estagiário, para o domínio inconscientemente competente do conhecimento da sua profissão.


Enquanto actividade profissional artística, cuja matéria-prima é o conteúdo do próprio cliente, para que possa ser estabelecida uma parceria de efectiva colaboração de coaching, cada profissional aceita e assegura um conjunto de regras, ou mais propriamente, de premissas.


PROCESSO BASEADO NA CONFIANÇA, QUE ASSEGURA A CONFIDENCIALIDADE

O que se passa num processo de coaching, fica no processo de coaching... O sigilo é critério fundamental no estabelecimento desta relação profissional, cujo sucesso depende, em grande parte, do coachee se sentir confortável para partilhar e discutir todos os aspectos dos seus desafios com o coach. Isto significa que o coach poderá ouvir informações privadas, que deverão ser mantidas privadas.

A excepção ocorre quando podemos estar diante de actividade criminal, que potencialmente afecte a segurança ou a integridade de outras pessoas, mas nestes casos a quebra de confidencialidade não significa tornar a informação pública, mas comunicá-la em sede própria.


A SOLUÇÃO PARA O DESAFIO DO COACHEE ESTÁ DENTRO DO COACHEE

Já repeti esta ideia inúmeras vezes só neste artigo, e volto a fazê-lo porque é tão poderoso. É o cliente o possuidor do seu caminho, e este é provavelmente um dos mais árduos trabalhos na aprendizagem de um profissional de coaching. A demissão do impulso de sugerir, instruir, ensinar e entregar soluções, e desenvolver a arte de saber questionar para que do outro lado algo novo se revele.


MANTER UM ACORDO FUNDADO EM OBJECTIVOS

O que determina as características específicas de um processo, a sua duração e o intervalo entre sessões é o objectivo que o cliente quer trabalhar. É o estabelecimento de um objectivo que orienta o caminho de sair de onde está e chegar aonde quer estar.

Assim, cada sessão por si própria cumprirá a função de trabalhar pequenos objectivos dentro do caminho e levarão à realização do objectivo final.

Ter um frame determinado pelo objectivo aumenta o foco e a eficácia do processo em cada sessão, bem como permite que se vá avaliando o progresso.


SEM A PARTICIPAÇÃO ACTIVA DO COACHEE, NÃO HÁ PROCESSO

Os conteúdos deste trabalho são exclusivos do coachee, pelo que, se este não apresenta as suas questões, nem responde ao que quer, aguardando passivamente que o coach lhe faça alguma coisa, o processo não acontece.

Nestes casos, ao coach cumpre a função de alertar o coachee para o que se propõe e se pretende de um processo de coaching, para que este possa decidir continuar o processo ou procurar um outro tipo de ajuda.

O coaching não é uma panaceia de cura para todos os males, pelo que cabe ao coach encaminhar os seus clientes para outros profissionais e/ou outras áreas profissionais que se apresentem como mais adequadas para as necessidades do coachee.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muita coisa ficou ainda por dizer, mas acredito que pude clarificar diversos pontos que definem o coaching e lhe devolvem a dignidade que, por vezes, parece querer ser-lhe roubada.


Se ao ler este artigo, se sente pronto para iniciar um processo de coaching, considere então estas questões:

  • Qual é o seu objectivo? Para que quer fazer um processo de coaching?

  • Qual é para si o melhor formato de sessão? Presencial, online ou por telefone?

  • Que competências são para si essenciais que o seu coach domine?

  • Que critérios quer ver preenchidos para saber que coach escolher?


Se quem leu este artigo é também coach, bem-haja pela bela profissão que escolheu, caminhamos juntos nesta jornada de dignificação da arte de despertar o potencial humano através do questionamento.


~ por Joana Sobreiro



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